A primeira vez que vi os livros do Sylvain Reynard referenciados numa lista de leitura foi em 2012. Nessa altura eu tinha lido As Cinquenta Sombras de Grey e de certa forma a minha curiosidade para o género erótico foi despertada. Depois de ler o Grey a minha dúvida era se seria tudo tão mau como nesta trilogia ou se haveriam alguns livros que cumprissem os requisitos mínimos. Apesar de algumas referencias e tentativas de vender a obra do Sylvain Reynard à custa da famosa trilogia, a verdade é que pouco ou nada há em comum entre as duas. Contudo isso não impediu de se fazerem associações e a editora portuguesa, A Saída de Emergência, promoveu o livro à custa do outro. Uma má jogada que afastou leitores, deu aos livros capas horríveis, excepto talvez no último, e desiludiu quem como eu tinha lido o original e esperava a edição portuguesa para ter na estante. A bem da verdade é preciso dizer que esta jogada também aconteceu lá fora, basta procurar um pouco.
Como dizia o primeiro livro, Gabriel's Inferno estava nessa dita lista de livros a ler no pós 50 sombras. Chamou-me atenção pelo título, a leitura da sinopse despertou-me a curiosidade pois se há história que eu adoro é de alunos que se apaixonam por professores ou então preceptoras pelos seus patrões. Contudo foi a leitura do excerto disponível na Amazon que me arrebatou e me decidiu a ler o livro o mais depressa que pudesse. Se há coisa que resulta bem em literatura romântica são duas pessoas que no inicio da historia se antagonizam. Jane Austen sabia disso quando escreveu Orgulho e Preconceito em 1813. Podem passar-se anos, séculos que será sempre uma leitura mais agradável e mais aliciante do que quando os protagonistas da história simpatizam logo um com o outro. Quando há uma antipatia inicial há todo um percurso a percorrer até ao primeiro beijo, o primeiro toque, etc. Se esse percurso for minimamente bem feito temos a certeza que não nos iremos enfadar.
Aqui temos duas pessoas diferentes por um lado a tímida e doce Julianne e do outro o Professor Gabriel Emerson, um homem a quem nunca faltou companhia feminina e que logo desde o inicio se sente atraído pela sua aluna. É uma atracção proibida não só porque a Universidade de Toronto proíbe severamente as relações extracurriculares de alunos e professores mas também porque Gabriel não deseja corromper a jovem Julianne. Esta podia ser mais uma história de amor igual a tantas outras, mas não é. Pode até ter alguns dos clichés da cartilha deste género, no entanto Sylvain Reynard sabe escrever, algo que poucas autoras neste segmento sabem fazer. Além disso pintou a sua historia com referencias a livros, pinturas e ao amor de Beatriz e Dante já que Gabriel é especialista no poeta italiano.
Fascinada como estava por Gabriel e Julianne depressa passei ao segundo livro, Gabriel's Rapture, onde encontramos Julianne e Gabriel a viver o seu amor com as dificuldades normais que uma relação tem. O segundo livro é na minha opinião um prolongar do primeiro e que podia de certa forma ter-se diluído no primeiro sem necessidade do segundo. Mas ainda assim é uma leitura agradável ainda que não seja tão inebriante como o primeiro.
Há cerca de um mês comecei a ler o terceiro. Inicialmente o terceiro livro não estava planeado, contudo a pressão dos fãs e da editora acabaram por tornar o livro real. Muita gente desejava saber como continuavam as vidas de Gabriel e Julianne. Antes de ler o terceiro li os dois primeiros e posso afirmar com toda a certeza: para mim a historia termina no primeiro livro, o que vem a seguir é complemento. Neste terceiro livro pouco ou nada acontece e por vezes o livro até é aborrecido. Sylvain Reynard não soube parar na hora certa e preservar uma bela história de amor. Nem todos terão a minha opinião, mas para mim este terceiro livro é completamente desnecessário. Além de fazer novela com algumas personagens e enredos e exagerar qualidades dos personagens, Reynard não soube explorar outros ângulos e criar aventuras mais interessantes para o seu casal de protagonistas.
A desilusão que sinto pelo terceiro livro não muda a minha opinião sobre os livros anteriores: são bons dentro do género, são bem escritos e ultrapassam a barreira do entretenimento a que este género parece condenado. São livros para ter na estante e reler com o mesmo entusiasmo da primeira vez, infelizmente esse entusiasmo só pode ser aplicado ao primeiro.
Contudo a desilusão não me inibe de esperar com alguma ansiedade o novo livro de Sylvain Reynard chamado The Raven, terá Florença como pano de fundo e a sinopse intrigou-me e despertou a minha atenção.