Sexta-feira, 14 de Novembro de 2014

Diz Graham Green no inicio do Fim da Aventura que um livro não tem principio nem fim. Segundo ele, o escritor escolhe o momento para começar a narrar e aí anda para a frente ou para trás. A escolha do momento para o inicio deste livro não terá sido aleatório. Quando começamos a ler vemos Meggie Cleary, a personagem principal, feliz com a boneca que lhe oferecem pelo seu aniversário. Rapidamente a sua felicidade é destruída pelos irmãos, mais velhos do que ela, quando começam atirar a boneca ao chão, puxam o cabelo e fazem outras tropelias que a deixam em estado lastimável.

Para mim, esta cena serve para mostrar ao leitor que Meggie é uma criatura frágil e solitária, que vive rodeada por irmãos, que embora gostem muito dela não são companheiros de brincadeiras. Meggie, por ser mulher e a única filha é a excluida da familia. Nascida em princípios do séc. XX, Meggie estará para sempre separada dos irmãos por causa do seu sexo.

Tudo isto é percebido por Ralph de Bricassart, o padre da paroquia à qual pertence Drogheda. Este é o nome de uma importante fazenda na Austrália, propriedade da irmã do pai de Meggie. A familia Cleary muda-se de armas de bagagens para lá a pedido da tia de Meggie, Mary Carson, que sendo rica e sem filhos pensa em deixar tudo ao irmão.

Entre Meggie e Ralph nasce uma amizade, apesar da grande diferença de idades, que mais tarde se tornará em amor.

Pássaros Feridos é um dos melhores livros que li. Muitos livros dão-nos apenas protagonistas complexos, Collen McCullough teve o cuidado de nos dar também uma historia que fascina a cada capitulo e que nunca aborrece, mesmo quando fala nas tosquia das ovelhas.

O livro começa quando Meggie é ainda uma criança e termina quando ela é já uma mulher de meia-idade. Pelo caminho conhecemos outras personagens que nos dão tanto como Meggie em termos de historia.

Muitas vezes aconselho pessoas a ler livros, muitas vezes penso que se não lerem não virá grande mal ao mundo, mas neste caso estarão a perder um grande livro.

 



publicado por Vera às 15:54
Quarta-feira, 14 de Agosto de 2013

É desoladora a sensação de vazio e tristeza que nos fica depois de ler um livro destes; uma saga maravilhosa que nos presenteia com as vidas e agruras de três gerações familiares.

 

É desolador porque foram dias a fio mergulhada na angústia de Meggie O’Neill e de Ralph de Bricassart. E pode afirmar-se que estes dois coloriram uma das mais belas histórias de amor de que há conhecimento na história da literatura mundial. Colleen McCullough foi realmente uma mulher corajosa e abençoada, não só porque se atreveu a escrever sobre um padre católico que quebra todos os seus votos, como conseguiu narrar, de forma soberba uma história que se compõe, não só de romance, como também da evolução social, económica e política de quase todo um século. Foca ainda relações familiares complicadas, dolorosas e tantas vezes agrestes.

 

Quando digo que a história é triste, digo-o com firmeza. É sobretudo triste e faz-nos pensar em como tanta gente vive, vidas inteiras, sem conhecer a felicidade que tanto anseia; e em pessoas que abdicam daquilo que amam para perseguir um ideal, muitas vezes demasiado ambicioso e egoísta. Sacrificar um amor como o de Ralph e Meggie é um crime, mas um crime que mais criminoso seria se fosse perpetuado. Amor versus crença, versus religião… Ralph de Bricassart debateu-se toda a a sua vida com isso e acabou por optar por aquilo que era mais forte na sua consciência, pelo amor que sentia que devia a Deus. Meggie, essa lutou por esse amor mas nunca foi tão forte quanto Deus, quanto a igreja.

 

Vi a série de 1983 que retrata esta história. Acho que muitas pessas ainda se lembram dela. Havia poucos canais então e ver um padre católico agir daquela forma, por mais atraente e romântico que fosse, foi um choque para muitas pessoas, especialmente para os mais católicos. E Meggie, a descrente e pecaminosa que ‘seduzia’ Ralph, não lhe ficava atrás no que se referia a desdém por parte dessas pessoas mais religiosas. Mas o romance tudo venceu e a história deles foi escrita e filmada de forma tão envolvente que raras pessoas (principalmente as mulheres, claro) ficaram imunes ao seu encanto. Foi decididamente um marco da minha infância e nunca me imaginei a ler a obra que sempre achei demasiado extensa e maçuda. Mas valeu a pena! Muito. Aconselho.

 

E, sim, o livro é melhor que a série. Mas aconselho ambos.

 



publicado por Sandra F. às 00:15
O que nos move é a Paixão de Ler. Este blogue será dedicado às nossas leituras. É um espaço aberto para esgrimir opiniões sobre aqueles que são os nossos melhores amigos na solidão - Os Livros.
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