Diz Graham Green no inicio do Fim da Aventura que um livro não tem principio nem fim. Segundo ele, o escritor escolhe o momento para começar a narrar e aí anda para a frente ou para trás. A escolha do momento para o inicio deste livro não terá sido aleatório. Quando começamos a ler vemos Meggie Cleary, a personagem principal, feliz com a boneca que lhe oferecem pelo seu aniversário. Rapidamente a sua felicidade é destruída pelos irmãos, mais velhos do que ela, quando começam atirar a boneca ao chão, puxam o cabelo e fazem outras tropelias que a deixam em estado lastimável.
Para mim, esta cena serve para mostrar ao leitor que Meggie é uma criatura frágil e solitária, que vive rodeada por irmãos, que embora gostem muito dela não são companheiros de brincadeiras. Meggie, por ser mulher e a única filha é a excluida da familia. Nascida em princípios do séc. XX, Meggie estará para sempre separada dos irmãos por causa do seu sexo.
Tudo isto é percebido por Ralph de Bricassart, o padre da paroquia à qual pertence Drogheda. Este é o nome de uma importante fazenda na Austrália, propriedade da irmã do pai de Meggie. A familia Cleary muda-se de armas de bagagens para lá a pedido da tia de Meggie, Mary Carson, que sendo rica e sem filhos pensa em deixar tudo ao irmão.
Entre Meggie e Ralph nasce uma amizade, apesar da grande diferença de idades, que mais tarde se tornará em amor.
Pássaros Feridos é um dos melhores livros que li. Muitos livros dão-nos apenas protagonistas complexos, Collen McCullough teve o cuidado de nos dar também uma historia que fascina a cada capitulo e que nunca aborrece, mesmo quando fala nas tosquia das ovelhas.
O livro começa quando Meggie é ainda uma criança e termina quando ela é já uma mulher de meia-idade. Pelo caminho conhecemos outras personagens que nos dão tanto como Meggie em termos de historia.
Muitas vezes aconselho pessoas a ler livros, muitas vezes penso que se não lerem não virá grande mal ao mundo, mas neste caso estarão a perder um grande livro.